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Em 14 de setembro de 1875, todos os membros da família de Piero Paolo Manica e Maria Fisingheli tiraram seus passaportes, venderam seus pertences e, munidos de poucos bens, muitos sonhos e uma inabalável esperança, juntamente com outros conterrâneos, desceram da linda Castellano rumo ao desconhecido. As poucas bagagens que possuíam, as crianças e os mais frágeis foram transportados em carroças ou nas costas dos pais e adultos, enquanto os demais foram caminhando até a estação de Rovereto, lugar mais próximo onde passava o trem pela ferrovia construída em 1850 ligando Verona –Trento – Innsbruck – München. Ali, aguardaram o trem da esperança e embarcaram com seus sonhos rumo ao porto de Le Havre, na França, de onde partiram com a firme determinação de chegar a “L’América della Cucagna”.
A opção pelo Porto de Le Havre, norte da França (Normandia) tinha várias razões: era um dos mais seguros e dos mais próximos para embarque dos emigrantes trentinos, pois a Itália havia baixado circular de 18 de janeiro de 1873, por seu ministro Lanza, exigindo muitas formalidades. Ademais, “quem partia da França era favorecido, pois a legislação francesa, ao contrário da italiana, previa que a bordo dos navios houvesse a presença de médicos e remédios” e “as passagens eram gratuitas”. Por isso, entre 1875 e 1876, os emigrantes trentinos que vinham ao Brasil utilizavam os portos de Le Havre ou Marselha, o que terminou em fins de 1876.
Pietro Paolo Manica e sua família integraram a primeira grande leva de imigrantes trentinos, tiroleses e europeus em geral que partiram com os demais conterrâneos acompanhados do Pe. Bartolomeu Tiecher, com destino a uma das primeiras glebas de terras projetadas para ser ocupada por imigrantes europeus na Serra Gaúcha, a então Colônia Conde D’Eu, atual Garibaldi. A eles foi destinado o lote 1-A, com 48,4 hectares, na Linha Figueira de Mello. Os filhos Vicenzo e Massimino adquiriram o lote 20, cabendo a cada um 24,2 hectare.
Fato importante que faz referência à chegada no final de 1875 é que, no ano seguinte, os colonos de Figueira de Mello requereram ao Governo do Estado a nomeação de uma parteira, indicando para tal cargo sua compatrícia Gioconda Manica.
Alguns anos mais tarde, já no final do século XIX, parte da família transferiu-se para a Colônia de Encantado. Foi ali que Pietro Paolo Manica faleceu em 31/05/1900, sendo sepultado no cemitério de Picada Jacarezinho.
Origem do Nome
Pesquisadores da Associazione Culturale di Castellano concluíram que o sobrenome Manega/Manica surgiu da profissão de um dos membros mais antigos da família, que se transformou em apelido “Manega”. No dialeto Trentino, a palavra significa manga e faz referência àquele que faz mangas de paletó/casaco ou qualquer outra roupa, sob medida, popularmente conhecido como alfaiate. Após a Unificação da Itália, Manega passou a ser grafado na língua italiana como Manica, inspirada nas obras do poeta Dante Alighieri.
Pietro Paolo Manica nasceu em 01/03/1825, em Castellano (TN). Em 05/04/1856, casou-se com Marianna Manica, filha de Giobatta Manica (falecida em 15/07/1859). Cinco anos depois, casou-se com Maria Frisingheli (nascida em 09/12/1834) em Lenzima, TN. Pietro Paolo Manica e Maria Fisingheli tiveram 9 filhos:
Lucilla Melania Manica: nascida em 10/09/1857 em Castellano, TN. Faleceu com 1 ano e 7 meses, em 06/06/1859, na mesma localidade.
Vicenzo Manica: nascido em 22/11/1858 em Castellano, TN. Casou-se com Giustina Senter (nascida em 15/10/1862, em Trento). Ele faleceu em 07/05/1913, aos 56 anos; ela, em 07/05/1913, em Garibaldi (RS).
Santo Emanuele Manica: nascido em 13/02/1864, em Castellano, TN, viveu apenas 4 dias.
Massimino Manica: nascido em 09/06/1865, em Castellano, TN. No Brasil, na Paróquia de São Pedro, Garibaldi (RS), casou-se com em Ersilia Battisti Manica (nascida em 12/09/1870), em 27/08/1887 em Trento. Ele faleceu em 27/12/1932, aos 68 anos. Ela, com 82 anos, em 25/09/1952. Ambos foram sepultados no Cemitério de Alto da União, Ijuí, RS.
Bernardo Manica: nascido em 01/03/1868, em Castellano, TN. Em 13/8/1892, casou-se com Luiza Lazeron Manica, em Garibaldi (RS). Ele faleceu em 18/05/1936, aos 68 anos, na localidade de Clemente Argolo, município de Getúlio Vargas (RS).
Desiderata Isabella Manica Dadalti: nascida em 27/12/1871 em Castellano, TN. Em 27/08/1887, casou-se com Valentim Dadalti, em Garibaldi, RS.
Elisabetta Teresa Manica: nascida em 13/10/1874 em Castellano, TN. Morreu ainda bebê, em 25/01/1875, na mesma localidade
Fortunato Manica, nascido em Garibaldi, RS.
Anna Maria Manica Marini: nascida em Garibaldi, RS, casou-se com João Marini na mesma localidade. Ambos foram sepultados em Lagoa Vermelha, RS.
Pietro Paolo faleceu em 31/05/1900 em Picada Jacarezinho, Encantado (RS), onde foi sepultado. Ela faleceu em 1917 em Ijuí (RS) e foi sepultada em Alto da União, na mesma localidade.
“O povo que não olha para o passado à procura de seus ancestrais jamais olhará para o futuro e para a... Ver Projeto...
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